Evandro Piedade do Amaral – Presidente da Cocre
As práticas de responsabilidade socioambiental e de governança representadas pela sigla em inglês ESG (Environmental, Social and Governance) já eram tendência antes da Covid-19. Agora, depois de o mundo ser abalado pela pandemia causada pelo Coronavírus, elas estão interferindo diretamente no comportamento de compra das pessoas e, consequentemente, no desempenho das empresas.
É mais do que comprovado que o consumidor hoje é capaz de deixar de comprar algo, se ele souber que a empresa não respeita as pessoas ou o meio ambiente. Além disso, segundo dados de uma pesquisa do Ibope (2016), 71% das pessoas dizem estar dispostas a pagar mais caro por produtos que sejam ambientalmente corretos. E essa tendência foi intensificada com a crise sanitária global gerada pela Covid-19.
Por esses e outros motivos, manter uma operação sustentável e responsável perante a sociedade, as pessoas e o meio ambiente não é mais uma opção para as empresas. Isso quer dizer que já não é mais suficiente para uma organização pensar apenas em aspectos econômicos e financeiros. Se ela está inserida em uma sociedade e busca conquistar as pessoas que compõem esse meio, ela vai precisar se preocupar mais com a qualidade de vida coletiva, do que em como alcançar os seus bolsos.
A devastação causada pela pandemia tornou ainda mais urgente ações e estratégias com ênfase em justiça social, proteção ambiental e gestão ética para minimizar os impactos da maior crise sanitária mundial dos últimos tempos. E essa tendência precisa continuar, já que a pandemia apenas trouxe um indício de questões importantes que a humanidade ainda vai encarar no futuro. Mas até que ponto as empresas estão atentas a isso? Ou melhor, qual o papel de sua empresa dentro desse cenário?
A princípio pode parecer difícil assimilar e aplicar o conceito no dia a dia de sua empresa, mas ele está presente e pode resultar em ganho de capital e atrair investimentos se for bem explorado. Você pode começar por investigar a missão, visão, valores e propósitos de sua empresa. Muito além do lucro financeiro, independente do porte do negócio, ela cumpre um papel social, econômico e ambiental no local em que está inserida.
Se você é proprietário de um supermercado, por exemplo, sua atuação está voltada em suprir a sua região com as melhores condições em produtos alimentícios, de higiene e limpeza. Além disso, as pessoas que você emprega e os valores que pratica em suas mercadorias movimentam a economia local. A forma como trata seus colaboradores e clientes também mostra as suas motivações como empresário, bem como a destinação que dá aos resíduos produzidos por seu estabelecimento.
Ou seja, você precisa pensar para além do seu bolso. Como a sua empresa tem impactado positivamente ou negativamente em aspectos sociais, econômicos ou ambientais, tanto a sociedade que a envolve, como seus funcionários e colaboradores? Você vai precisar levantar todas essas informações para saber o que deve ser maximizado ou minimizado em sua atuação.
Essa é uma trajetória que deve ser abraçada pelo seu negócio, seja qual for o ramo de atuação ou o porte dele, se você quiser permanecer no mercado com possibilidades de continuar colhendo resultados. Lembre-se que hoje o mercado de investimentos trabalha de forma assídua com a ideia de investimento ESG. Ou seja, empresas que incorporam práticas ambientais, sociais e de governança de maneira efetiva estão no radar dos investidores e levam vantagem perante as outras.
Portanto, se atentar às práticas de ESG responde não apenas ao anseio dos consumidores, mas coloca a sua empresa na mira de potenciais investidores. Logo, todo investimento, planejamento e estratégia traçada no sentido de implantá-las são válidas e necessárias para sua empresa atualmente.